domingo, 10 de novembro de 2013

Caça ou presa? Serpente


Caça ou presa? Serpente


Deitas... Ao solo deitas e ali distante
Repousas distante, em aprazível torpor
Como quem busca à fúria da impetuosidade
Entorpece com o perfume que desperta

Oculta... Ao lado oculta e ali atenta,
Aguardo atenta o teu descuido...
N a calada da tarde impaciente
Desprende um faro envolvente

E mergulha os seus intuitos...

Enquanto fechas tu, os olhos, sonhador,
Esgueiro-me fatal, ao teu encontro
Disposto ao intenso confronto
Vai ao ponto de rompimento...

Suave, sôfrega, sonsa, sibilina
E esfrego minha pele nua, resvaladia
Parecendo compor uma melodia
Recebo-a ávido de carícias e rebeldias

Ao teu corpo chão que chia
Submersa em gutural e lúbrica paixão...
Em seu próprio leito a saciar angústias
Em desejo insano e ébrio de excitação

Primavera nômade de retorcidas cores,
reforço-me em abalos sísmicos
Atravessa o atlântico dos horrores
A encontrar o epicentro do terremoto

A oferecer-te em curvas escamosas
N’a vibrante língua projetada ao ar
Por quaisquer luxúrias dadivosas
Engole dos beijos o mais raivoso

Eu, serpente, então, procuro-te na serpente
Altiva e enrijecida, erigida no teu corpo...
No ponto de mutação do de repente
No grito mais bonito do intrépido falo

Que não se cala na sinfonia dos apetites

Serpente apetitiva, serpente que me atrai,
Golpeio-a certeira, jugulo-a aos meus encantos...
Acaba-se o pranto diante do sonoro canto
Estão satisfeitos acoplados e enroscados com jeito

Salivo no teu sentir e salivas solícito no meu,
Em lascívia, furor e dor...
São movimentos de ir e vir ao amor
Fêmea faminta e astuta abre o paraíso
Na volúpia do altar do riso
Devoro a tua serpente
E a tua me devora a mim...
Ato perfeito transmuta o ser afim
Metamorfoses do homem e da mulher
Artífices do prazer e do conhecimento
Realização plena da existência.



Inspirado no original de Silvia Mota: Teu corpo em mim serpente.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz e Hildebrando Menezes
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 25/04/2010
Reeditado em 23/08/2011
Código do texto: T2218118

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