domingo, 10 de novembro de 2013

Completo... // completas-me!





Completo... // completas-me!

Nas trevas dos meus sonhos
encontro-me em águas mais escuras.
Densas redes, reflexos de olhos,
prendendo as imagens mais puras.


Pressinto-te inquieto em ventos bisonhos,
numa imensidão sem fim... pelas alturas...
Prisões ameaçam teu sorrir, olhos tristonhos
desnudam teu pensar de amarguras...


Se me encontrares por aqui, neste mundo,
nesta água turva e densa, digas para mim,
meu amor, minha amiga, o quão profundo
ou tão raso, pode ser o fim.


Consigo ver-te por aqui – tu és fecundo,
em ária de tristeza és flautim,
meu amor, meu amigo, o mundo imundo
há de ser-te início e nunca o fim.


Já nem me importo mais com isto.
Tua palavra mostra-me apenas que tu viestes
e sem saber do que és feita nem o que vestes
não saberei mais o que tenho visto.


Mas, se és meu amor é só por ti que insisto.
Minha beleza carmim é como flor agreste,
não a verás - sentirás! Ah, Anticristo!
Serei tua fé e teu audaz cipreste!


Quando entrares no meu sonho
verás toda a minha vida;
uma lágrima que sai de um olho
- do outro, outra, já esquecida.


Ao teu sonho pressuponho
tudo em ti num só dia;
e por ser assim, é luz que te proponho
- outro lado do adeus, quero ser-te alegria!


(Mas não entenderás essa existência;
um ser tão nutrido, tão vivo, tão cheio
- Gosto é do extremo, não do meio;
tão completo, faleço - e renovo-me na ausência.)


(Se soubesses o que sou ao longo dessa ausência
- um florão em langor – e por despida, arqueio.
Junto a ti sou furor, sou amor, sou ardência,
tão completa perfumo – só em ti formoseio...)




Diálogo entre Sílvia Mota e Abraxus.
Com inspiração (melhor dizendo, intromissão... rs)
no poema "Completo" de Abraxus



Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz e Abraxus

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